Por Carol
Revisada por Pamela Dias.
Acredito que falar sobre ser lésbica sem mencionar violência apaga parte dessa experiência.
Vir aqui, levantar essa bandeira não é apenas uma afirmação da minha identidade, é um ato de resistência.
Quando a gente nasce, nos resumem a “é uma menina” ou “é um menino”, e por mais inocente que isso pareça, carrega um peso histórico e sociocultural que vai ditar como serão nossas vidas dali em diante.
É sua obrigação, enquanto “menina”, performar feminilidade e ponha ênfase na “performance”, porque o que dizem ser feminino ou masculino não é natural, é ensinado.
E, claro, é ensinado que devemos gostar de garotos.
Mas quando você rompe com esses padrões, quando entende que gosta de meninas, e só de meninas, e, no meu caso, rompe com os estereótipos de feminilidade, tudo muda. A forma como te enxergam e te excluem socialmente muda.
A violência sobre o seu corpo e a hipersexualização da sua identidade, reduzindo-a a um mero fetiche para homens, dói.
Ser constantemente invalidada por amar um gênero historicamente odiado é muito pesado.
Mas olhar para trás e ver o quanto diversas outras mulheres, que assim como eu amavam outras mulheres, correram e lutaram para que hoje fosse possível eu existir sem ter que me esconder, é inspirador e libertador.
O sonho de grande parte da comunidade é simplesmente viver a banalidade do cotidiano.
Um dia quero estar com uma garota, andar de mãos dadas, dar um selinho em público, quem sabe constituir uma família. O básico. O básico do que nos é ensinado, mas sem reprimir uma parte significativa da minha identidade enquanto pessoa.
Ser lésbica não é só mais um fator sobre mim, é uma grande parte de quem eu sou, pois isso afeta todos os aspectos da minha experiência enquanto ser humano.
E eu tenho muito orgulho de ser lésbica e de falar essa palavra, tão reprimida, em voz alta.
Pelo direito de existir e resistir.